... UM PRESIDIÁRIO QUE PRETENDE CONCORRER À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA.
Provavelmente ele (o presidiário que já foi presidente um dia) pretende acabar com o que havia começado a fazer: colocar o país no meio do lamaçal. Nem isso soube fazer direito! Nem ele nem sua substituta, afastada do cargo por impeachment.
Não se pode menosprezar a capacidade de a defesa
do ex-presidente “fazer o diabo” — termo de Dilma Rousseff —, nessas circunstâncias.
A decisão sobre o registro da candidatura não pode, porém,
deixar de seguir os ritos previstos
EDITORIAL O GLOGO 18/08/2018 0:00
Conforme costuma agir o PT — dentro de uma tática, aí sim,
de lawfare, guerra judicial —, a candidatura tríplex de L--- foi registrada,
com Fernando Haddad de vice e Manuela D'Ávila, do PCdoB, de reserva, para abrir
mais um round judicial.
O partido e aliados desrespeitam a clareza com que a Lei da
Ficha Limpa torna inelegível o ex-presidente (atualmente um mero presidiário), por ter sido condenado em duas
instâncias, nas acusações de corrupção e lavagem de dinheiro, no processo do
apartamento do Guarujá.
O partido — sob comando do próprio L---, de sua cela em
Curitiba, convertida em comitê eleitoral — segue a aplicação do plano de
estender ao extremo essa discussão, a fim de que o presidiário L---, com a
candidatura sub judice, possa fazer campanha ao lado de Haddad.
O ideal para petistas é que L--- apareça na urna, mesmo que
a candidatura venha a ser cassada depois. Seria o golpe perfeito: as pessoas
votariam com a cara de L--- na tela da urna, mas dariam o voto a Haddad. Um
estelionato.
Anuncia-se que a equipe de defesa de L---, que já demonstrou
sua inventividade, prepara-se para entrar com recursos em série nas Cortes
superiores. Além do TSE, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo
(STF).
O objetivo seria estender o conflito jurídico até 17 de
setembro, limite para a substituição de L--- por Haddad e deste por Manuela.
Caso isso ocorra, terá sido bem-sucedida a manobra de confundir (*) Haddad com
L---. Pelo menos é o que acham petistas. Se dará certo, só esperando. (*) Eleitores que votarão num presidiário não precisam de mais nada para serem confundidos. Já são confusos, por natureza.
Não se pode menosprezar a capacidade de a defesa do
ex-presidente “fazer o diabo” — termo de Dilma Rousseff —, nessas
circunstâncias. O pedido de habeas corpus entregue numa sexta-feira, no fim do
expediente, em Curitiba, para um desembargador ex-companheiro libertar L--- demonstra a que ponto chega a falta de escrúpulo.
Segundo a legislação eleitoral, elaborada sem que fosse
prevista tamanha desobediência a um poder da República, candidato eleito pode
perder os votos até depois de encerrado o pleito. Se acontecer, será uma
tragédia, devido à instabilidade política que causará, logo quando se precisa
de altas doses de legitimidade para que os vencedores das urnas de outubro
aprovem no Congresso difíceis e cruciais medidas para evitar uma hecatombe
fiscal de consequências inimagináveis. L--- tomou o país de refém e pede de resgate
que se rasguem todas as fundadas denúncias contra ele.
O afunilamento do atual capítulo desta história aponta para
o dia 31, sexta-feira, como uma data-limite, por ser o início da propaganda
eleitoral no rádio e na TV. O melhor para o Brasil é que tudo esteja resolvido
até lá.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, tem esta
preocupação. Tudo indica que o relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso,
também. Não se pode perder tempo, mas é imprescindível cumprir os ritos legais.
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