A morte da língua portuguesa
Tem hífen? Tem crase? E as vírgulas, onde as coloco? Não é essa a questão. As redes sociais foram criadas para termos acesso a todo tipo de informação e isso também culmina em mais conhecimento, ou seja, todo tipo de conhecimento. O “pai” Google hoje é referência. Existem páginas com conteúdo ruim? Sim, mas muita informação boa também está ali, inclusive muitos endereços de dicionário online gratuito.
Fico preocupado ao ver crianças e jovens já escrevendo errado. Fico imaginando se isso se tornará um vício no futuro. E quando digo “escrevendo errado”, não é a linguagem virtual, o “eh”, o “tá”, e a risada resumida em “kkkkk”. É trocar um “c” pelo “s”, como a própria frase que virou febre há pouco tempo na internet: “Tá serto!”.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, tem sido alvo de piadas nas redes sociais após cometer uma série de erros ortográficos em seu perfil no Twitter. Responsável por supervisionar as diretrizes educacionais do país, ele chocou muitos brasileiros ao escrever de forma errada a palavra “impressionante”, utilizando a letra “c” no lugar do “ss” (“imprecionante”), numa publicação postada no Twitter . O fato do Ministro da Educação escrever ‘imprecionante’ reflete a realidade da educação brasileira.
Outro dia, compartilharam um vídeo de uma jovem que não sabia soletrar a palavra “gorjeta”. Fiquei assustado com a reação da moça. Ela não conseguia realmente dizer as letras. Seria ela analfabeta? Mas qual tipo de analfabetismo, porque hoje o que mais temos é o analfabetismo funcional, aquele que não consegue interpretar textos, problemas matemáticos, entre outros. Escrever errado não é mais questão de desigualdade social, regionalismo, é questão de educação. E educação já me faz entrar em outro assunto, o da progressão continuada, que aprova os alunos mesmo que não tenham aprendido todo o conteúdo necessário para “passar de ano”.
É fácil percebermos muitas abreviações, bem como palavras com letras trocadas, tais como “axo” no lugar de “acho”, pois há quem pense que apenas uma letra a menos fará grande diferença para a economia de tempo. Chega a ser impressionante (com dois SS viu Ministro?) ver como as pessoas estão se apegando a essa prática. O problema é que acabam transferindo para a escrita dos textos escolares, entre outros. Isso sem falarmos nos erros ortográficos gritantes quando usam “L” no lugar do “U” e vice-versa. O uso de “m” antes das consoantes “p” e “b”, então, nem se fala, parece, simplesmente, esquecido. E quando lemos em um texto a mais nova palavra “concerteza”? Isso sem nos esquecer do “porisso” e, ainda pior, “poriço”…
Tudo isso é lastimável! Além do problema que temos hoje dia, “o escrever de modo rápido e prático”, precisamos pensar também na atuação dos alunos em sala de aula. Pais e responsáveis incentivam a leitura? Lêem com seus filhos e auxiliam na lição de casa?
A internet deve ser usada também para o conhecimento, além do entretenimento, do estreitamento de laços. E, porque não, para o compartilhamento de informações intelectuais, notícias, artigos científicos. A internet é uma das revoluções de todos os séculos, mas ela também revela um grave problema entre os usuários brasileiros. Não é necessário muito tempo nas redes sociais para perceber que muitos dos internautas não dominam o principal meio de comunicação de hoje e sempre: a palavra. A todo momento assaltam-me dúvidas e consulto o dicionário e a gramática para esclarecê-las. Esta será sempre uma aprendizagem contínua. Enfim, o que quero dizer é que a internet está aí, ao acesso de todos, em todos os lugares. Hoje qual estabelecimento comercial não tem wi-fi? Está ali, gente! É só pedir a senha e navegar! Já procurou o seu endereço de dicionário online? É isso aí, galera! Agora é só navegar!
Tô Sabendo e Vou Falar! - Aaron Fênix
PROFESSOR DE PORTUGUES:
PABLO JAMIL
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Quem não sabe falar ou escrever direito
o seu próprio idioma
pode estudar o idioma alheio?
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