Centrão, Toffoli, Josué,
Previdência…
Helena Chagas
Em política, vence sempre quem constrói a melhor narrativa,
aquela que convence todo mundo mesmo que esteja a léguas da realidade. É por
isso que, a todo momento, candidatos, partidos e autoridades inventam novos
discursos e versões. Se colar, colou. Num ambiente eleitoral de vaca não
conhecer bezerro como o que vivemos hoje, às vezes fica até fácil, além de ser
útil para muita gente aumentar a confusão. Do lado de cá, cabe ao eleitor olhar
com desconfiança e desmontar as versões e lorotas.
Alguns exemplos das que chegaram a emplacar nos últimos
dias, alimentadas pela esperteza de alguns, mas de procedência ou veracidade
duvidosos:
1. Um lote na lua: a negociação do Centrão com Geraldo
Alckmin incluiu a reeleição do deputado Rodrigo Maia (DEM) para a presidência
da Câmara. Maia, um político que nos últimos tempos cresceu e surpreendeu pela
habilidade, é, sim, um candidato forte ao cargo. Mas antes disso precisa se
reeleger deputado pelo Rio, o seu partido precisa eleger uma boa bancada em
todo o país e as forças do Centrão, junto com o PSDB, têm que alcançar a
maioria na Casa – se não se desentenderem e continuarem juntos até lá. Para
esse plano vingar seria necessário também que Alkcmin vencesse a eleição
presidencial, uma outra aposta ainda arriscada. Muita água ainda vai ter que
rolar.
Josué Gomes, Foto Agência Brasil
2. Josué Gomes não desistiu de aceitar a vice de Alckmin
porque nunca aceitou. Quem conhece bem o
empresário e sua família sabia que o filho de José Alencar, ex-vice de L---,
não seria vice do candidato do PSDB – embora possa, sim, apoiá-lo. Filiado ao
PR a conselho de L---, Josué foi, sim, um reluzente troféu nas mãos de Valdemar
Costa Neto para ser recebido com tapete vermelho no Centrão. Foi, mas o que se
diz por aí é que, se Alckmin não crescer e aparecer, Valdemar vai procurar
outra turma.
3. Alguém acredita na conversa de que há um desentendimento
entre L--- e o PT sobre o Plano B porque o ex-presidente insiste em ser
candidato e não abrir? É evidente que não, pelo simples fato de que quem manda
no PT é L---, em primeiro lugar. Em segundo, porque ele, lá da sua cela de
Curitiba, já está com a pipoca pronta quando o resto do pessoal está ainda
colhendo o milho. É tudo questão de timing e, se L--- autorizou Fernando Haddad
a sair por aí dando entrevistas sobre o programa do PT, é para que ele comece a
se dar a conhecer como alternativa. O que é muito diferente de desistir agora
da candidatura.
Toffoli e L---
4. Dias Toffoli não vai soltar L--- numa canetada, nem no
plantão nem fora dele. Não é preciso nem conhecer Toffoli de perto. Basta fazer
um retrospecto de sua atuação do Supremo e no TSE.
5. O governo Temer não vai aprovar a reforma da Previdência
depois da eleição. É outro papo furado espalhado pelo Planalto e os poucos que
permanecem em sua base, talvez com intenção de mostrar que o governo ainda
existe e pode fazer alguma coisa. É aí que está a dúvida, que se aprofunda a
cada nova informação vazada quase diariamente do inquérito dos Portos: o que
chega antes, a eleição ou o fim do governo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário