Peritos da PF contestam defesa do ex-presidiário no caso do instituto
Por Renan Ramalho/Facebook Twitter Whatsapp
A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais
divulgou nota desmontando mais uma falácia apresentada pela defesa de .... para
tentar livrá-lo da condenação no processo do instituto.
Nas alegações finais do processo, os advogados disseram que
a Odebrecht “adulterou” os arquivos do sistema de pagamento de propina antes de
entregá-los ao Ministério Público Federal.
Com isso, argumentam que a prova contra o ex-presidente (e ex-presidiário) seria inválida — a Lava Jato acusa .... de receber R$ 12 milhões em propinas da
construtora, na compra de um terreno em São Paulo para ser a sede do Instituto
L... e de um apartamento vizinho à sua casa no ABC paulista.
A APCF lembrou que o laudo da Polícia Federal sobre as
planilhas da Odebrecht reconhece que houve alteração nos dados, mas levou em
conta, no caso de ...., somente aqueles cuja integridade foi “atestada em
exames técnicos rigorosos”.
“O laudo sobre o caso é público. Ele afirma que foram
constatados arquivos não íntegros nos materiais encaminhados para exames e que
esses arquivos foram excluídos das análises que embasaram as conclusões.
Está explícito no laudo que a perícia criminal federal,
antes de mais nada, averiguou a integridade dos arquivos para, só depois,
seguir com as demais análises, que foram aplicadas apenas aos materiais
considerados íntegros.”
Na nota, Marcos Camargo, presidente da associação, reconhece
a importância da participação de peritos particulares no processo para
assegurar o contraditório e da ampla defesa, mas diz ser preocupante quando a
“atuação do assistente técnico seja usada para descontextualizar afirmações dos
peritos oficiais”.
“Esse tipo de atitude prejudica o sistema de Justiça.”
Atualização:
Em nota publicada após a manifestação da ACPF, Cristiano e
Valeska Zanin reiteraram a tese da defesa. Afirmaram que só o fato de os
arquivos terem sido manipulados invalida a prova.
“Todo arquivo digital, para ter valor forense, deve ter a
cadeia de custódia preservada, vale dizer, deve manter íntegro o histórico das
suas fontes do documento”, dizem.
Acrescentaram que os peritos oficiais do caso analisaram
somente “fragmentos de arquivos”, não conseguiram rodar MyWebDay e não
compararam o hash (identidade digital) do arquivo entregue pela Odebrecht com o
arquivo original existente na Suíça.
“É totalmente descabida a manifestação da APCF, pois a
entidade não é parte no processo e não apresentou qualquer impugnação sobre o
conteúdo do arquivo gravado e que foi apresentado em juízo, com o
reconhecimento, pelos peritos oficiais, sobre o que foi afirmado pela Defesa do
ex presidente ... . O posicionamento da APCF, ademais, reforça que .... é
vítima de lawfare.”
Defesa de ... entrega novas alegações e tenta travar
sentença na ação penal do Instituto
N.B.: o nome do ex-presidente e ex-presidiário foi substituído por pontinhos (....). Isso não ocorreu no texto original.